O INVENTÁRIO DO MUNDO

===========================================================================================================================================================Fãs da obra de Bispo do Rosário. Bem vindos para ver coisas que considero legais; uma extensão de mim; meus pensamentos e gostos, simplesmente eu: T.MARIA ; tome como verdade o que lhe convém. =========================================================================================================================================================== Uma voz é ouvida pelo homem negro, pobre, estigmatizado, preso numa cela de manicômio. Ele é Arthur Bispo do Rosário. A voz transforma a sua realidade, dá-lhe o tamanho gigante que tem, ordena que ele mude seus dias até seu encontro com Deus. E Arthur transmuta a miséria em riqueza e cor, em fé e sonho. Este Blog retrata a vida, o processo de loucura e a criação artística de Bispo do Rosário, sergipano que viveu por cinco décadas internado em hospitais psiquiátricos, diagnosticado como esquizofrênico. Seu talento artístico e sua obra surpreendente foram descobertos no início dos anos 80 e ganharam repercussão internacional. O que se tem aqui é a história de um homem que se situa entre o mito e a realidade. Com o Manto da Apresentação Bispo do Rosário queria ser enterrado, para estar vestido com a história de sua vida ao chegar à presença de Deus, no grande dia, no dia em que esse corpo atravessaria a matéria e poderia enfim transcendê-la. Transcender a brutalidade que mora na matéria, na condição de vida-morte imposta à sua matéria. O fato de haver tantas fragilidades em sua memória torna ainda mais importante conhecer da história de Bispo. Seja em museus, cordéis, sites, filmes, livros, músicas e o que mais houver, assim preservar sua memória.

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sábado

 


REGRESSO: 2023

TÍTULO ATRIBUIDO: Stella do Patrocínio - Série Ressignificar

ARTISTA: Paulo du'Sanctus, Artista Visual

@paulodusanctus
@ateliecasaraoipiranga

BY: Essa pintura\homenagem nasceu enquanto eu ouvia o episódio especial “Stella do Patrocínio e a loucura no Brasil” do podcast da @quatrocincoum .
A emoção tomou conta de mim enquanto pintava.
Stella do Patrocínio nasceu em 9 de janeiro de 1941 no Rio de Janeiro, e vivia com sua família. Aos 21 anos enquanto caminhava na rua Voluntários da Pátria em Botafogo foi parada e levada à força pela polícia e encaminhada para o Centro Psiquiátrico Pedro II em Engenho de Dentro. De lá foi parar na Colônia Juliano Moreira, em 1966, onde ficou internada involuntariamente por quase trinta anos onde tomava injeções, remédios e eletrochoque. Stella não era louca, ela foi enlouquecida pelo sistema que aprisiona pessoas “desajustadas. No caso dela, mulher preta e pobre e num período de ditadura militar.
Nos anos 80, a reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial chegaram à colônia. Um grupo de alunos de artes plásticas dava oficinas para as mulheres internadas, entre eles @carlaguagliardi, que gravou entre 1986 e 1988 as conversas que tinha com Stella. Chamados, por ela própria de “Falatório”, os áudios reúnem frases fortes e impactantes. No começo dos anos 90 tentaram localizar os familiares porque Stella tinha recebido alta, mas não os encontraram.
Stella morreu em 20 de outubro de 1992 de uma parada cardiorrespiratória depois de sofrer uma amputação da perna. Ela foi enterrada como indigente em Inhaúma, prática recorrente nos manicômios públicos da época.
Em 2001 a transcrição dos seus falatórios resultou no livro “Reinos dos bichos e dos animais é meu nome” que foi organizado pela filósofa @moseviviane e finalista do Jabuti daquele ano.
O falatório, de domínio público, pode ser ouvido na integra no site da @instaunila (Universidade Fed. da Integração Latino Americana.
Stella foi reconhecida poeta postumamente. Imagino que grande poetiza teria sido se não tivesse sido enlouquecida pelo estado brasileiro.
Ouvir o falatório é uma experiência emocionante. Me fez reviver tbm a performance da @vivealmeida na peça Canto para Rinocerontes e Homens do @teatrodoosso que mudou a minha percepção de vida.

TÉCNICA: Acrílica sobre papel moeda

MATERIAL: Papel moeda antiga, tinta acrílica 

DATA: 18 de março de 2023

LOCAL: Ipiranga - São Paulo

DICA: Marcação no Museu Bispo do Rosário



terça-feira


STELLA DO PATROCÍNIO


1941-01-09 Rio de Janeiro - 1992-10-20 Colônia Juliano Moreira


Nascida no ano de 1941, no Rio de Janeiro, Stella do Patrocínio caminhava por uma rua no bairro Botafogo quando foi, assim como Arthur Bispo do Rosário, detida pela polícia e internada compulsoriamente no Centro Psiquiátrico Pedro II (CPPII), aos 21 anos. Em 1966, foi transferida para Colônia Juliano Moreira (CJM) onde permaneceu até sua morte, aos 51 anos. Em 1986, como parte do movimento de humanização das práticas em contextos psiquiátricos, foi realizado na CJM, o projeto Oficina de Livre Criação Artística, em parceria com a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, idealizado pelas psicólogas Denise Correa e Marlene Sá Freire, com a orientação da artista Nelly Gutmacher e participação de estudantes da EAV. 

O projeto promoveu oficinas de arte para internas do extinto Núcleo Teixeira Brandão. Foi nesse contexto que Stella do Patrocínio e Carla Guagliardi realizaram as conversas gravadas em fita cassete – o impactante falatório, como Stella denominou. Anos depois, novamente, a fala de Stella foi gravada e transcrita pela estagiária de psicologia Mônica Ribeiro. Desde então, o Falatório de Stella do Patrocínio tornou-se publicamente conhecido, inspirando diversas publicações, produções artísticas e pesquisas acadêmicas. 

A presença de Stella em seu falatório, reinventa a língua em seu fluxo constante. Esses áudios reproduzidos na íntegra nesta exposição, revelam apenas uma pequena mostra de sua passagem pelo mundo em seu gesto de fazer ecoar sua voz: denúncia frente a uma sociedade normatizadora, patriarcal e racista que se valeu do modelo médico para excluir e calar as pessoas que de alguma maneira se diferenciavam do modelo hegemônico. 

Convidamos você a ouvir e abrir espaço para escutar Stella do Patrocínio.

Que sua voz possa vibrar, reverberando como uma onda potente capaz de fazer ruir em nós nossos manicômios mentais, e nos convocar a somar forças às ações de justiça e reparação às vítimas da violência e omissão do Estado, que atinge principalmente mulheres historicamente afetadas pelo racismo, sexismo e classismo.

@alex_frechette - @felipeavesilva - Memorial Municipal Getúlio Vargas - 9 de julho de 2023  



https://youtu.be/lfthcmFmv6E?si=kebKDTZ5DX-yyJNr


https://youtu.be/lfthcmFmv6E?si=kebKDTZ5DX-yyJNr



Stella do Patrocínio em liberdade antes da internação forçada
 [Acervo pessoal do sobrinho, cedido à pesquisadora Anna Carolina Vicentini Zacharias]

https://portal.unila.edu.br/noticias/pesquisa-da-unila-resgata-audios-originais-de-stella-do-patrocinio