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1890
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O funcionamento das Colônias para doentes mentais, criadas pela Assistência a Alienados, no antigo Distrito Federal, no começo da República, a primeira “São Bento” e, em seguida, a “Conde de Mesquita”, situadas no Galeão, Ilha do Governador, teve inicio, segundo apuramos, a 10 de fevereiro de 1890, sendo seu primeiro Diretor o médico alienista Dr. Domingos Lopes da Silva Araújo, que as organizou e dirigiu, de 13 de março de 1890 a 1 de junho de 1908.
O Dr. Domingos Lopes da Silva Araújo muito fez para dotar as Colônias de condições de tratamento e trabalho, tendo se exonerado a 1.º de junho de 1908, sendo substituído, interinamente, pelo Dr. Braule Pinto.
Pátio interno da Colônias de Alienados na Ilha do Governador Colônia Conde de Mesquita Acervo Instituto Municipal Nise da Silveira
s.d.
Colônia de Alienados na Ilha do Governador Conde de Mesquita - Acervo Centro de Documentação e Memória-IMNS - s.d..
Colônia de Alienados na Ilha do Governador São Bento, desembarque de víveres - Acervo Centro de Documentação e Memória-IMNS - s.d..
Descrição da Colonia de Alienados de São Bento e do Conde de Mesquita, número de funcionários da diretoria e outros funcionários a serviço das duas colonia.
ALMANAK LAEMMERT - ADMINISTRATIVO MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ)
Edição A00055(2) Folha 192 - Ministério da Justiça e do Interior.
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/313394/15568
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Dr. Alienista Simplício de Lemos Braule Pinto que exerceu as funções de Diretor, de 2 de junho de 1908 a 29 de janeiro de 1909.
Silva, Carine Neves Alves da. “Simplício de Lemos Braule Pinto”. Médicos que
atuaram no Hospital Nacional de Alienados (blog). In: Biblioteca Virtual em História do
Patrimônio Cultural da Saúde, 2018.
http://hpcs.bvsalud.org/vhl/temas/historia-saberes-psi/medicos/.
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1909
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No dia 1.º de fevereiro de 1909, tomou posse no cargo de Diretor o Dr. João Augusto Rodrigues Caldas. Logo pós conhecer a situação da repartição, S. Sa. Verificou a necessidade de procurar transferi-las para local mais amplo, pois o número de enfermos já atingia a 300, e esse número aumentava gradativamente com a transferência de doentes do Hospício, da Praia Vermelha e a fim de poder dar melhor tratamento aos doentes, proporcionando-lhes meios de trabalho, assim como dar aos seus auxiliares maior conforto, em melhores residências, e por ser pequena a área ocupada naval por desejar expandir o Centro de Aviação Naval, já existente nas proximidades, e serem as terras da marinha.
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Colônia de São Bento - O Diretor Dr. Rodrigues Caldas e seus pacientes Acervo Instituto Municipal Nise da Silveira s.d.  | Dr. João Augusto Rodrigues Caldas e o reprodutor Britanicus |
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Abertura do credito para compra da fazenda do Engenho Novo.
1909 12 24 - RELATORIO DO MINISTÉRIO DA FAZENDA
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/873683/19330
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1910
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Dr. João Augusto Rodrigues Caldas - Diretor da Colonia de Alienados situada na Ilha do Governador.
ALMANAK LAEMMERT - ADMINISTRATIVO MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ) Edição A00067(8) Folha 579 - Ministério da Justiça e do Interior.
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/313394/41282
Funcionários das Colônias de Alienados na Ilha do Governador São Bento e Conde de Mesquita - Acervo Instituto Municipal Nise da Silveira - s.d.
De sua profícua ação na Diretoria e do seu patriotismo e sentimento de humanidade, resultou encontrar, ter anos depois em Jacarepaguá, um local apropriado para o fim desejado: a “Fazenda do Engenho Novo”, que havia sido recentemente vendida ao Sr. Antônio Mariano de Medeiros, por 150 contos de réis, e cuja área tinha o total de 150 alqueires de terras, inclusive matas, vargens, rios, cachoeira, represa e benfeitorias.
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Aqueduto do antigo engenho de cana de açúcar de Jacarepaguá, integrando inicialmente as terras do Engenho da Taquara. Foi então desmembrado em 1664 e denominado Fazenda Nossa Senhora dos Remédios. Nos anos de 1660 iniciou-se a construção do engenho e da capela de Nossa Senhora dos Remédios.. Já em 1778 recebeu o nome de Engenho Novo da Taquara. |
Ministro da fazenda solicita a compra da Fazenda de Engenho Novo
1910 01 18 - O PAIZ (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/178691_04/282

==========1912
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Conseguindo conhecer os termos da escritura passada no Cartório do 10.º Oficio de Notas, nesta cidade, em 16 de agosto de 1912, da citada venda, providenciou o ilustre Diretor Caldas, Junto aos seus superiores, os meios legais, para que pudesse ser tentada a desapropriação da “Fazenda”, pela necessidade de transferir as duas Colônias para aquele local.
Contando com o apoio do então Ministro da Justiça e com a eficiente cooperação do Diretor da Assistência a Alienados, prof. Juliano Moreira, e após demorado processo e pareceres, o Governo Federal, em Decreto de 31 de agosto de 1912, desapropriava, por utilidade pública, a referida “Fazenda do Engenho Novo”, pelo valor na escritura declarado, após o julgamento de duas arbitragens, uma da parte da União e a outra do novo proprietário.
A União precisava da “Fazenda” para nela instalar uma Colônia de Alienados, e requereu, na forma da lei, a citação do proprietário, exibindo o Decreto, pelo qual foram aprovados o projeto e as plantas das obras a serem executados.
Homologado o laudo de arbitragem que opinava pelo valor declarado na escritura no ato da compra, o proprietário do imóvel, que desejava valor superior, apelou para o Supremo Tribunal Federal, e, nas suas razões, solicitou se declarasse nulo o processo da desapropriação, por estar eivado de nulidade substancial.
Depois de longa caminhada pelos trâmites legais, o Egrésio Supremo Tribunal Federal julgou a apelação civil n.º 2.369, que teve como relator o Sr. Ministro Pedro Lessa, e esse magistrado, em convincente parecer jurídico, deu ganho de causa à União, negando provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelos demais Ministros da Egrégia Corte, em 28 de dezembro de 1918.
Terminada essa primeira fase, da colossal luta em beneficio da instituição e dos enfermos e vitorioso no resultado, o eminente Diretor Caldas deu inicio às providencias para a posse da “Fazenda”, e para a execução do plano de construções, já aprovado.
O arquivo da Colônia contém os ofícios da época, nos quais o Diretor faz sugestões, apelos e relatórios, que constituem um diário permanente desse grande idealista, no sentido de conseguir, no menor prazo possível, transferir os enfermos e o pessoal para Jacarepaguá.
As terras da Fazenda, eram férteis, possuíam matas, rios, árvores frutíferas, tudo enfim necessário a uma Colônia agrícola para doentes crônicos.
Decreto nrº. 9.748 que aprova a desapropriação da fazenda do Engenho Novo
1912 09 02 - O PAIZ (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/178691_04/13470
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1920
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Lançamento da pedra fundamental das novas construções da Colonia de Alienados de Jacarepaguá
"Aos vinte e nove dias do mês de Maio de mil novecentos e vinte, sendo Presidente da Republica o Exmo. Sr. Dr. Epitácio da Silva Pessoa, Ministro da Justiça e Negócios Interiores o Exmo. Sr. Dr. Alfredo Pinto Vieira de Mello, Diretor Geral e Assistência a Alienados, o Sr. Dr. Juliano Moreira, Diretor da Colonia de Alienados da Ilha do Governador, Dr. João Augusto Rodrigues Caldas, foi lavrada esta Ata para comemorar o lançamento da pedra fundamental do edifício principal da Colonia de Alienados em Jacarepaguá, sendo este documento com algumas moedas correntes, encerrado em uma urna que será colocada nas fundações daquele edifício, assinando-o as pessoas presente. E eu Américo Raposo, primeiro escriturário da referida Colonia a escrevi. Rio de Janeiro, vinte e nove de maio de mil novecentos e vinte."
Lançamento da pedra fundamental das novas construções da Colonia de Alienados de Jacarepaguá
1920 05 30 - Gazeta de Notícias
http://memoria.bn.gov.br/docreader/103730_05/1239
Lançamento da pedra fundamental das novas construções da Colonia de Alienados de Jacarepaguá
1920 05 30 - CORREIO DA MANHA (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/089842_03/1876
Lançamento da pedra fundamental das novas construções da Colonia de Alienados de Jacarepaguá
1920 05 30 - JORNAL DO BRASIL (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/030015_04/2552
Dr. Alfredo Pinto ministro da Justiça e Negócios Interiores e outras pessoas presente
Projetos das construções dos prédios: Refeitório e Pavilhão de tuberculosos por J. Poly Arquiteto Construtor
http://memoria.bn.gov.br/docreader/081272x/16020
J. Poly Arquiteto Construtor, projeto da construção do prédio do Refeitório
https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=308250&pesq=%22Colonia%20Agricola%20de%20Alienados%20de%20Jacarepagu%C3%A1%22&hf=memoria.bn.gov.br&pagfis=301
O referido edifício se encontra nesse estado.
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Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC). Processo E-18/001.178/90, em 27/08/1990 |
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Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC). Processo E-18/001.178/90, em 27/08/1990 |
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/081272x/16021
Lançamento da pedra fundamental das novas construções da Colonia de Alienados, de Jacarepaguá.
1920 05 30 - A RAZÃO (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/129054/10542
A partir de 1921, as obras e novas construções foram iniciadas.
Em fins de 1923 as obras e novas construções estavam em condições de habitação, os 15 pavilhões, a lavanderia, os refeitórios, cozinha, e também reparadas as benfeitorias de valor histórico, como a Igreja de N. S. dos Remédios, fundada e inaugurada em 19 de outubro de 1862; o “casarão”, sólido e colonial edifício, onde foram instalados o Gabinete da Diretoria, Administração, Secretaria, Portaria, etc., no térreo, e no pavimento superior as residências do Administrador (regulamentar) e do farmacêutico.
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Vista Aérea da Colônia dos Psicopatas, Escola de Aviação Militar, Data: 30-06-1934, Descrição: Fotografia Aérea; Foco 24; Altitude 300 m; 09:30 h, Assuntos: Colônia dos Psicopatas, Localidade: Jacarepaguá, RJ, Fonte: Foto oblíqua 119; Álbum 0259 |
Dr. Caldas salienta a necessidade de construção de casas para os empregados, necessidade de erguer refugio, ao abrigo do sol e da chuva, os doentes que não queiram trabalhar.
1923 02 15 - Relatórios do Ministério da Justiça (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/873837/21911
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1924
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Sendo assim, a Colônia de Alienados de Jacarepaguá foi inaugurada em 29 de março de 1924, e todos os pacientes das Colônias da Ilha do Governador foram para ela transferidos.
A Diretoria das Colônias, ao organizar o trabalho para transferência, não tinha recursos próprios para as despesas do longo e pesadíssimo transporte do material, através do mar e de 30 quilometro por terra, baldeações do Galeão a Jacarepaguá. Conseguiu, com seu esforço e prestigio, transportes por empréstimo em diversas repartições, mas eram enormes as dificuldades causadas pelas chuvas prolongadas, que tornavam os caminhos intransitáveis; mesmo assim começou a mudança nos primeiros dias de dezembro de 1923.
Os primeiros pacientes vindos das colônias da Ilha do Governador chegariam ao asilo no final do ano de 1923. A transferência dos doentes foi feita por barca e
carroças até a estação da Estrada de Ferro Central do Brasil e de lá até a fazenda
Engenho Novo. Os pacientes mais agitados foram acorrentados para não fugir durante o trajeto da Ilha do Governador para Jacarepaguá. Ao chegarem ao fim da viagem, tinham os braços, as pernas e grande parte do corpo em carne viva pela ação brutal das correntes e cordas que os prendiam . Só a 29 de março de 1924, pôde ser a nova Colônia definitivamente instalada, ocorrendo mais tarde a entrega do local das velhas Colônias à Marinha.
Com a transferência dos enfermos e do pessoal para Jacarepaguá, as Colônias “São Bento” e “Conde de Mesquitas” foram extintas, nascendo uma nova e mais ampla, a Colônia de Psicopatas (Homens), cuja organização estava em marcha.
O pavilhão 01 (atualmente denominado Pavilhão Bispo do Rosário), possuía inicialmente uma área de 10 milhões de metros quadrados. A antiga sede da fazenda passa a abrigar a administração da colônia (atualmente denominado Pavilhão Carolina Medrado). Quando de sua inauguração a Colônia de Psicopatas-Jacarepaguá, já possuía redes de luz, água e esgoto.
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c.a.1924 -Tratamento paisagístico da praça em frente ao Aqueduto, que perdurou até meados da década de 1960. Observa-se no lado direito da foto o Pavilhão Carolina Medrado (antiga sede da fazenda do Engenho Novo) Acervo: Arquivo CJM
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1925
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35º ano da fundação da Colonia Agrícola de Alienados da Ilha do governador “São Bento” e “Conde de Mesquitas” e sua transferência para Jacarepaguá
1925 02 14 - A Noite (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/348970_02/13709
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Reportagem fala o que é a Assistência Publica a alienados no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.
Homenagem ao professor e Dr. Juliano Moreira.
1925 07 18 - Correio da Manhã (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/089842_03/21562
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Reportagem fala o que é a Assistência Publica a alienados no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.
Homenagem ao professor e Dr. Juliano Moreira.
1925 07 18 - O PAIZ (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/178691_05/21860
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========== 1926
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Com o falecimento repentino, em 20 de novembro de 1926, do notável Diretor — Dr. João Augusto Rodrigues Caldas — foi designado para substituí-lo, interinamente, o Dr. Olavo Rocha, que permaneceu no cargo de 21 de novembro de 1926 até 31 de maio de 1927.
Avisos fúnebres de Dr. João Augusto Rodrigues Caldas
1926 11 20 - JORNAL DO BRASIL
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/030015_04/51217
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1927
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Eleição para o cargo de Diretor da Colônia de Jacarepaguá.
1927 02 01 - Correio da Manhã (RJ)http://memoria.bn.gov.br/DocReader/089842_03/29365%20-%202.jpg)
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Para Diretor efetivo foi escolhido e nomeado o Dr. Carlos Mattoso Sampaio Corrêa, que tomou posse a 1.º de junho de 1927, sendo eminente psiquiatra e discípulo de Juliano Moreira em 1910 no Hospício Nacional de Alienados.
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1910 - ALMANAK LAEMMERT - ADMINISTRATIVO MERCANTIL E INDUSTRIAL (RJ) Edição A00067 Folha 579 - Ministério da Justiça e do Interior. - Alienista Dr. Carlos Sampaio Correa. |
A esse novo Direto coube a tarefa de consolidar a Colônia em sua nova missão, o que fez com sábia orientação, melhorando, tanto quanto possível, as condições internas, tratamento dos enfermos e organizando, com o psiquiatra Dr. José Carneiro Airosa, o Serviço de Praxiterapia, de ótimo resultado, para que os enfermos fossem encaminhados ao trabalho, após os necessários exames, e uma vez considerados em considerados em condições físicas e mentais.
Início do emprego da técnica de convulsoterapia que consistia em induzir convulsões, através de substâncias aplicadas de forma endovenosa. Foram utilizados insulina e cardiazol como indutores de convulsões
A indução de convulsões por inalação de cânfora nos tratamentos dos quadros de psicóticos, baseada na crença de que a epilepsia e a psicose seriam moléstias antagônicas e excludentes, data do século XVI. No início do século XIX, o médico Wagner-Jauregg buscou a cura de certas doenças mentais desenvolvendo no paciente um quadro de febre, durante anos, sem sucesso. Em 1917 experimentou inocular parasitas da malária e empregou um tratamento para a paralisia geral com o qual se obteve êxito em dois terços dos casos antigamente considerados incuráveis. Em 1927, Manfred Sakel deu um passo ousado: introduziu o choque insulínico em pacientes agitados e obteve resultado favorável. Na Hungria, em 1933, o médico Von Meduna estava trabalhando com a terapêutica pelo choque e experimentou provocar convulsões com o cardiazol, que revelou-se excepcionalmente eficiente nas psicoses maníaco-depressivas e em algumas esquizofrenias, provocando, porém, sensações terrificantes. Finalmente em 1937, em Roma, Cerletti e Bini empregaram a eletricidade, experimentando-a primeiro em porcos para depois aplicá-la em seres humanos.
========== Uma avultada verba para despesas da Colonia de Jacarepaguá, Colonia de Engenho de Dentro e Hospital Nacional de Psicopatas
1927 07 22 - CORREIO DA MANHÃ
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/089842_03/30927
Assistência a Psicopatas no Rio de Janeiro, Distrito Federal, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraíba.
1927 06 25 - O Brasil-Medico: Revista Semanal de Medicina e Cirurgia (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/081272x/26248
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Visita do Presidente Washington Luiz ao Hospital Nacional e as Colônias de Psicopatas do Engenho de Dentro e de Jacarepaguá
1927 05 15 -O IMPARCIAL (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/107670_02/30879
Visita do Presidente Washington Luiz ao Hospital Nacional e as Colônias de
Psicopatas do Engenho de Dentro e de Jacarepaguá
1927 05 17 - Jornal do Brasil (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/030015_04/55629
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Visita do Presidente Washington Luiz ao Hospital Nacional e as Colônias de Psicopatas do Engenho de Dentro e de Jacarepaguá
1927 05 18 - O PAIZ (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/178691_05/29750
Como vão ser os serviços da nova instituição - Assistência aos Psicopatas
1927 05 23 - O PIZ (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/178691_05/29812
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1928
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Secção de Alienadas - Serviço de Avicultura - Annaes da Colônia de Pshycophatas - 1928 - Acervo Centro de Documentação e Memória-IMNS. |
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Secção de Alienados, officinas de costura, rendas e bordados - Annaes da Colônia de Pshycophatas - 1928 - Acervo Centro de Documentação e Memória-IMNS |
Com o advento do novo Governo, em outubro de 1930, permaneceu o Dr. Sampaio Corrêa na Direção da Colônia, tão eficiente e reconhecida foi sua capacidade de bem dirigir.
A Colônia só possuía um Núcleo com 350 enfermos.
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Década de 1930 tratamento
paisagístico da praça em frente ao Aqueduto, Igreja Nossa Senhora dos Remédios e Pavilhão Carolina Medrado (antiga sede da fazenda do Engenho Novo)
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1931
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Em janeiro de 1931, com a aposentaria do velho Administrador, Emigdio de Oliveira Sucupira, após 42 anos de serviço publico, sendo mais de 20 às Colônias, ocorreu a nomeação para aquele cargo o Sr. Antonio Gouvêa de Almeida, por Decreto de 19 de janeiro de 1931 e posse a 27 de janeiro de 1931.
Imbuído de sincero idealismo e compreendendo a difícil função do administrador, especialmente em meio tão desconhecido, só depois de alguns meses de estudos e observações apresentei ao Diretor Sampaio Corrêa um programa parcelado de trabalho, em face do deficiente orçamento, que foi por S. Sa. Aprovado, dando à nova administração prestígio e autoridade.
Nossa modesta colaboração na primeira fase, isto é, no único Núcleo existente — “Rodrigues Caldas”, homenagem prestada ao antigo Diretor, permitiu uma completa reformulação nos métodos administrativos até então empregados, quer no serviço de controle dos doentes, quer na alimentação, vestuário, material de limpeza, de refeitório e cozinha, obras de pequeno porte, higiene do corpo e roupas dos enfermos, instalação de barbearia, reparo nas estradas, trabalhos agrícolas e pecuários, olaria, reforma de pavilhões - dormitórios, do histórico viaduto (semelhante aos arcos da Lapa), a Igreja, e restabelecendo e ajardinando a praça localizada na entrada desse Núcleo, tudo de acordo com o programa estabelecido para cada exercício.
Manter a Colônia higienizada e bem conceituada era nossa preocupação, mas o número de enfermos crescia de 350 em 1931, para 750 em 1934 e as dificuldades e responsabilidades aumentavam.
Duas festa eram proporcionadas anualmente aos servidores e aos enfermos, 13 de junho (antonina), e no Natal, cuja ceia era oferecida aos servidores na noite do dia 24 e aos doentes no dia 25 de dezembro. Esses dois dias proporcionavam aos infelizes internados alguma alegria, na imensa tristeza em que viviam com os seus sofrimentos, por lhes faltar a assistência dos entes queridos.
A estrada que liga Taquara à Colônia, em 1931, era apenas um estreito caminho, com porteiras particulares; mas, com trabalho persistente dos doentes, bem orientados pelos empregados, e obtendo permissão da Sra. Baronesa de Taquara, em cujas terras tínhamos que entrar para ampliá-la e alargá-la, conseguimos melhorá-la bastante, o que foi feito com material sólido e ferramentas primitivas, além de protegê-la das chuvas com plantações nas margens, permitindo maior facilidade para o tráfego dos veículos. Foi reconhecida como o logradouro público pelo Sr. Prefeito. Dr. Pedro Ernesto, que, aceitando sugestão da Colônia, deu a ela o nome de “Rodrigues Caldas”, em homenagem ao seu primeiro Diretor, em Jacarepaguá.
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A estrada era apenas um estreito caminho, com porteiras particulares que ligavam, Colônia de Alienados à Taquara, ao fundo vista da Fazenda da Baronesa da Taquara. |
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1933
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Uma escola para curso primário foi construída e devidamente instalada pela Administração, para atender aos filhos dos funcionários residentes na Colônia, sendo inaugurada em 30 de dezembro de 1932 pelo Diretor, e por nossa solicitação reconhecida oficialmente pelo Sr. Prefeito Dr. Pedro Ernesto Batista, sendo em seguida designadas pela Prefeitura, sua Diretora e professoras, o que anualmente aumentava, na proporção de novas matriculas. Merenda e auxilio de uniformes eram fornecidos pela Administração. Suas atividades de iniciaram no dia 1.º de março de 1933. por sugestão da Administração, o Sr. Diretor do departamento de Educação, Dr. Anísio Teixeira, em ato de 16 de setembro de 1933, denominou a escolinha “Juliano Moreira”, que passou a ter esse grande professor como seu Patrono.
Essa escola, nos trinta anos de existência, forneceu mais de 4.00 alunos de curso primário. Foi fechada em junho 1964
1933 01 22 - Correio da Manhã (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/089842_04/14968
Na década de 1933 a 43 eram incluídas nos programas dos Congressos de Psiquiatria e de Higiene Mental visitas à Colônia, o que sempre ocorria, e também de personalidades no ramo da psiquiatria, que vinham ao Brasil
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Centro Histórico Colonia Juliano Moreira
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Centro Histórico Colonia Juliano Moreira |
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1934
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A terapia eletroconvulsiva foi introduzida no Brasil em 1934. Tratamento psiquiátrico em que a corrente elétrica é aplicada no cérebro através de dois eletrodos colocados nas áreas temporais do crânio.
A corrente é aplicada através de uma máquina especialmente construída, com um cronômetro e um voltímetro. O esperado neste tratamento é que o paciente entre numa convulsão generalizada, o que o tiraria da crise.
O eletrochoque foi utilizado na Colônia Juliano Moreira até os anos 80, quando sua aplicação foi desativada.
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| Aparelho de eletrochoque - Acervo e exposição permanente no Museu Bispo do Rosário de de Arte Contemporânea(mBRAC)
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1935
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Em 1935, a Colônia de Alienados de Jacarepaguá mudou seu nome para Colônia Juliano Moreira (CJM), em homenagem ao médico Juliano Moreira, que havia falecido em 1933. Por muito tempo a CJM foi referência nacional em atenção à Saúde Mental. Entre as décadas de 1920 e 1980 a instituição funcionou como destino final para pacientes considerados irrecuperáveis. Na década de 1960 chegou a abrigar cerca de 5.000 pessoas. Entretanto, no início da década de 1980, após longo processo de deterioração, a instituição iniciou uma transformação do seu modelo assistencial, em consonância com a Reforma Psiquiátrica, que vinha acontecendo em diversos países. Foram abolidos os eletrochoques, as lobotomias e os abusos de neurolépticos. Novas internações de longa permanência deixaram de ser aceitas e a assistência a novos pacientes em crise passou a ser realizada pelo Hospital Jurandyr Manfredini, especialmente criado para este fim. Em 1996, a Colônia Juliano Moreira (CJM) foi municipalizada, tendo seu nome alterado para Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira.
Pelo Decreto n.º 379, de 15 de Outubro de 1935, foi dado à nova repartição a ser criada com a reforma, o nome de “Colônia Juliano Moreira”, em substituição ao de Colônia de Psicopatas- Homens.
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1936
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No dia 22 de agosto de 1936 foi inaugurado o segundo Núcleo, que recebeu o nome de “Franco da Rocha”, em homenagem ao fundador da Colônia de Juqueri, em São Paulo, tendo esse Núcleo capacidade para 640 enfermos do sexo feminino. Anteriormente, havia sido inaugurado pelo Sr. Ministro Gustavo Capanema, o primeiro pavilhão, doação da Comissão Comercial Japonesa, que nos visitou, tendo, em homenagem a um de seus membros, tomado o nome de “K. Miake”.
Visita do Ministro da Educação e Saúde Publica à Colonia
1936 08 15 - CARETA (RJ) -
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/083712/59506
Inauguração do Núcleo Franco da Rocha, com a visita do Ministro da Educação acompanhado do embaixador japonês, cientistas, políticos, jornalista e demais convidados.
1936 08 20 - O MALHO (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/116300/85731
Início do procedimento de psicocirurgia no Brasil. Conhecida como Lobotomia – técnica de intervenção cirúrgica no cérebro, com caráter irreversível – tinha como efeito colateral o deficit de inteligência e o embotamento psíquico. Foi utilizada por cerca de vinte anos, em mais de mil pessoas. Com o advento dos psicofármacos, na década de 1950, o emprego da lobotomia foi abolido.
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| Aparelho de lobotomia - Acervo e exposição permanente no Museu Bispo do Rosário de de Arte Contemporânea(mBRAC) |
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1937
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Invenção da técnica de eletroconvulsoterapia – método de indução de convulsões a partir do uso de uma corrente elétrica que passava pelo cérebro através de eletrodos colocados nas têmporas. Apresentava fácil aplicação, tendo sido ampla e indiscriminadamente usada pelas instituições psiquiátricas e, apesar de suas possibilidades terapêuticas, foi associada ao castigo físico e ao controle disciplinar. Essa técnica só foi abolida na rede pública de saúde brasileira na década de 80. Só é utilizada na atualidade como recurso extremo no tratamento da catatonia e da depressão.
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1938
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Em 18 de novembro de 1938, era inaugurado o terceiro Núcleo, também com capacidade para 640 enfermos do sexo masculino, e que, em homenagem ao ilustre psiquiatra Ulysses Viana, recebeu o seu nome.
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1940
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O Sr. Presidente Getúlio Vargas, interessado desejando reformar o Serviço de Assistência a Psicopatas, constitui uma Comissão, presidida pelo Sr. Ministro Gustavo Capanema e compotas dos Srs. Diretores João de Barros Barreto, do D. N. S.; Waldomiro Pires e Adauto Botelho, do S. N. D. M.; Engenheiro Eduardo de Souza Aguiar, Divisão de obras, participando como cooperado o Dr. Sampaio Corrêa, pra estudar e projetar a reforma do Serviço, nesta Cidade, localizando os Núcleos, escolhendo os melhores e mais modernos tipos de pavilhões, etc., cabendo à Colônia o inicio da primeira etapa, isto é, por ela começando as construções dos três novos Núcleos, para doentes crônicos, um Bloco Médico Cirúrgico e outras dependências, dentro do plano geral estabelecido na reforma, que previa um aumento de 2010 leitos.
Ampliação da estrutura física e assistencial da CJM com aumento significativo do número de internos, abrigados pela instituição devido à construção de pavilhões para acolhimento dos pacientes e para a realização da praxisterapia – terapia pelo trabalho – que compreendia a lavoura, a pecuária e a confecção de artefatos de vime e de colchões. O cinema, o rádio (rede de alto-falantes em toda a Colônia), os esportes (futebol, basquete, voleibol, peteca etc.) e as artes aplicadas nas oficinas de praxiterapia, inclusive a pintura, eram utilizados usados como recursos auxiliares
O quarto Núcleo, para enfermos do sexo feminino, foi inaugurado no dia 30 de setembro de 1940, também com a lotação de 640 doentes, e recebeu o nome de “Teixeira Brandão”, justa homenagem ao notável psiquiatra brasileiro. Nesse mesmo dia foi também inaugurado o Bloco Médico-Cirúrgico “Álvaro Ramos”, nome dado em homenagem ao insigne cirurgião, tendo 200 leitos e instalado com os mais modernos aparelhos para as suas clinicas especializadas.
Muito contribuíram, para resolver as dificuldades orçamentárias para esse grandioso empreendimento, as Comissões de Deputados (saúde e finanças) que frequentemente nos visitavam, conhecendo as necessidades e dependendo no Congresso não só as verbas, como a realização de tão vasto programa.
Estava, assim, executada uma parte da primeira etapa do plano geral, em beneficio dos internados. Paralelamente, em outros setores do Serviço, igual ação se fazia notar.
A Colônia teve a honra da presença do Sr. Presidente da República, Ministros e outras autoridades, em todas as inaugurações.
Do grandioso projeto constavam também a construção do Edifício Central, em local previamente escolhido, do qual se teria o domínio de toda a Colônia, por suas várias estradas, tendo próximas as residências para o Diretor e para o Administrador, bem como a construção de 300 casa destinadas à residência dos funcionários, nas proximidades do Núcleo, com o fim de possibilitar a execução do Serviço Hetero - Familiar, então criado, isto é, acolhimento nos lares dos funcionários, de enfermos capacitados para auxilio doméstico, o que seria feito a pedido do interessado e após exame e indicação médica e autorização do Diretor. Os resultados obtidos foram satisfatórios.
c.a.1940 - Núcleo Juliano Moreira
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1940
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1940 09 01 - Visita do Presidente Getúlio Vargas a Colonia Juliano Moreira para inauguração dos Pavilhões Teixeira Brandão e Álvaro Ramos
JORNAL DO BRASIL (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/030015_06/4934
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1940 09 01 - Visita do Presidente Getúlio Vargas a Colonia Juliano Moreira para inauguração dos Pavilhões Teixeira Brandão e Álvaro Ramos
A BATALHA (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/175102/19508
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1940 09 01 - Visita do Presidente Getúlio Vargas a Colonia Juliano Moreira para inauguração dos Pavilhões Teixeira Brandão e Álvaro Ramos
GAZETA DE NOTÍCIAS (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/103730_07/2679
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1940 09 01 - Visita do Presidente Getúlio Vargas a Colonia Juliano Moreira para inauguração dos Pavilhões Teixeira Brandão e Álvaro Ramos
DIÁRIO CARIO(RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093092_03/2349
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1940 09 01 - Visita do Presidente Getúlio Vargas a Colonia Juliano Moreira para inauguração dos Pavilhões Teixeira Brandão e Álvaro Ramos
DIARIO DE NOTÍCIAS (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/093718_02/2648
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1940 09 01 - Visita do Presidente Getúlio Vargas à Colônia Juliano Moreira
1940 09 01 - O Dr. Adauto Botelho, diretor do serviço de assistência a psicopatas mostrando ao Presidente Getúlio Vargas as novas instalações
1940 09 01 - O Dr. Adauto Botelho, diretor do serviço de assistência a psicopatas mostrando ao Presidente Getúlio Vargas as novas instalações. Observa-se em
primeiro plano o cinema (à esquerda) em excelente estado de conservação e os detalhes da
arcada do aqueduto, e no fundo avista-se o coreto (à esquerda), a sede da fazenda, o
refeitório (á direita) e o pavilhão 01. A visão desobstruída do pavilhão 01, leva a crer que a
oficina (perpendicular ao aqueduto) não existia ou não era tão prolongada como
atualmente

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1942
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No começo do ano de 1942 foram concluídos e inaugurados dois pavilhões de 100 leitos uma para cada sexo, para doentes tuberculosos, e um outro da mesma capacidade, para os isolamentos necessários.
Como o antigo servidor, que acompanhou o seu desenvolvimento, transformação e progresso, foram de grande reconhecimento as palavras ditadas em entrevista ao “Correio da Noite”, de 14 de maio de 1943, pelo eminente psiquiatra Prof. Adauto Botelho, então Diretor do S. N. D. M., a propósito das grandes obras no Serviço e que aqui transcrevo um pequeno trecho: “Declarou no inicio o ilustre médico patrício que, de acordo com a orientação de Juliano Moreira, Teixeira Brandão e outros notáveis psiquiatras, nos estabelecimentos do Serviço Nacional de Doenças Mentais, são os loucos tratados como verdadeiros doentes, sendo que, nas modernas Colônias destinadas a obrigá-los, as construções foram feitas de modo a dar ao asilado um aspecto mais de um hospital do que propriamente de Hospício.
Não existem mais os altos muros circundando as Colônias e as janelas, apesar de seguras e fortes, não apresentam o desagradável gradeado”.
As novas construções obedeceram rigorosamente a esse critério.
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1944
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Aspecto de um conjunto de pavilhões da Colônia Juliano Moreira. Fundo Gustavo Capanema. (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil/Fundação Getulio Vargas-CPDOC/FGV) |
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Pavilhão Nossa Senhora dos Remédios (Pavilhão Remédios), criado na da década de 1940, dentro da Colônia Juliano Moreira (CJM), para tratar pacientes mulheres doentes mentais tuberculosas, e que foi desativado ao longo dos anos 1970, ao centro com Morro Dois Irmãos ao fundo. |
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1944
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Já se aproxima de 4.00 o número de internados de ambos os sexos, superlotando todos os Núcleos, mas com sábia orientação do Diretor Sampaio Corrêa, aliada à eficiência, dedicação e boa vontade de seus auxiliares, com as verbas insuficientes, mas bem controladas, conseguimos chegar ao final de nossa missão, em maio de 1946, em estado de paz na consciência e com o dever cumprido.
Fechamento do Hospício Nacional na Praia Vermelha, com transferência dos pacientes para o Centro Psiquiátrico Nacional no Engenho de Dentro e para a Colônia Juliano Moreira.
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1945
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1946
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Em principio de março de 1946 esse grande Diretor solicitava aposentadoria, após 38 anos de serviço público como médico, sendo que 19 na Direção da Colônia, tendo dado a ela todo o seu saber, energia e dedicação, em beneficio dos enfermos, eu muito lhe queriam.
Para substituí-lo no cargo de Diretor, foi nomeado em 25 de abril o ilustre psiquiatra Dr. Heitor Carpinteiro Peres, antigo médico da Colônia.
Martins, Ygor. “Heitor Carpinteiro Peres”. Médicos que atuaram no Hospital
Nacional de Alienados (blog).
In: Biblioteca Virtual em História do Patrimônio Cultural da Saúde,
2018.
http://hpcs.bvsalud.org/vhl/temas/historia-saberes-psi/medicos/.
1946 07 6 e 13 - O Brazil-Medico - Revista Semanal de Medicina e Cirurgia (RJ)
http://memoria.bn.gov.br/DocReader/081272x/52872
O Medico psiquiatra Heitor Carpinteiro Péres (1907-1990) dirigiu a Colônia Juliano Moreira (CJM), instituição psiquiátrica do Rio de Janeiro. Pouco conhecido pela historiografia, foi figura marcante no campo da psiquiatria por ter atuado em renomadas instituições psiquiátricas cariocas, além de ter participado de diversas entidades e associações médicas, assumindo, inclusive, postos de chefia em órgãos do Governo Federal. Sua biografia é aqui resgatada para fins de estudo sobre o uso das ocupações terapêuticas no tratamento de doentes mentais no Rio de Janeiro. Enquanto diretor da CJM, foi um grande entusiasta do uso da praxiterapia - como era denominada a terapia ocupacional na instituição - e chegou a formular um programa original de uso de ocupações com foco na coletividade: a praxiterapia integral.
Este artigo discute ainda o uso de atividades artísticas no interior da prática praxiterápica na CJM. Isto porque, durante a gestão de Heitor Péres foi criado um ateliê de pintura para os pacientes, a Colmeia de Pintores. Esta experiência foi desenvolvida na mesma época em que Nise da Silveira (1905-1999) assumiu a coordenação da Seção de Terapêutica Ocupacional (STO) do Centro Psiquiátrico Nacional (CPN), no Engenho de Dentro, também no Rio de Janeiro. No entanto, enquanto as atividades do ateliê de pintura e modelagem criado por Nise da Silveira na STO fizeram-na ganhar fama no Brasil e no exterior, a experiência da CJM encontra-se ainda praticamente desconhecida.
Como não foram localizados trabalhos publicados sobre este personagem, esta pesquisa exigiu um levantamento de dados para construir sua biografia e trajetória profissional. Realizou-se, assim, consulta no arquivo da Academia Nacional de Medicina (ANM), onde foram localizados os documentos apresentados na ocasião de sua eleição para membro titular da instituição (currículo, monografia, parecer da comissão), ficha contendo dados pessoais, correspondências e transcrições de duas conferências proferidas por ele. Em um esforço de enriquecer a análise das informações contidas nestes documentos, foram realizadas também buscas na Hemeroteca Digital e no arquivo físico da Biblioteca Nacional, localizando-se 18 matérias de jornais que fazem referência à praxiterapia na CJM ou a Heitor Péres nas décadas de 1940 e 1950; íntegra de 10 artigos de sua autoria publicados em revistas científicas; e todos os números do periódico Boletim da Colônia Juliano Moreira, publicados com periodicidade irregular entre 1948 e 1954.
Para atender os objetivos desta pesquisa, as informações pessoais e dados profissionais de Heitor Péres foram organizados de forma a reconstruir sua trajetória profissional. A fim de compreender as contribuições deste personagem para o campo da praxiterapia em específico, foram analisados de forma mais sistemática os seus artigos e as matérias de jornais que tratam do uso de ocupações terapêuticas na CJM, assim como os números do boletim da Colônia Juliano Moreira.
Inauguração da Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR) pela psiquiatra alagoana Nise da Silveira, no Centro Psiquiátrico Nacional, localizado no bairro de Engenho de Dentro.
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Psiquiatra Nise da Silveira |
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Oficina de Costura |
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Oficina de Sapataria |
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1947
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Fotos acervo documental IMASJM
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1949
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1955
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Uso da clorpromazina, pela primeira vez no Brasil. Esse medicamento inaugura a categoria dos neurolépticos – grupo de fármacos utilizados para controle das doenças mentais, particularmente as psicoses.
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1966
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Parceria com a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) que, por cerca de uma década, resultou no encaminhamento de 307 crianças e adolescentes, com ou sem diagnóstico psiquiátrico, para a internação na CJM. Muitas dessas crianças passaram a vida internadas na instituição.
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1974
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Início da diminuição de novas internações na Colônia, em função dos avanços da farmacologia e da expansão do setor privado, através da contratação de leitos nas clínicas e hospitais psiquiátricos conveniados com a União. Esse movimento de migração para o setor privado ficou conhecido como “Indústria da Loucura” por gerar lucro explorando a internação sem se preocupar com a qualidade do atendimento prestado aos seus usuários.
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1978
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Criação do Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), um grupo de profissionais de saúde que questiona a qualidade do cuidado prestado dentro dos manicômios e busca alternativas para superação da assistência centrada no modelo hospitalar. A mobilização desses trabalhadores desencadeou o movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
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1980
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Denúncia dos horrores ocorridos na Colônia Juliano Moreira feita pela mídia. A repercussão leva a diversas modificações nos grandes manicômios brasileiros. Na Colônia, elas vão implicar nas seguintes ações: fechamento da CJM para novas internações, abertura das celas fortes e fim dos “miudinhos” – eletrochoques com caráter punitivo, através dos quais os eletrodos eram aplicados sucessivamente em várias partes do corpo para, por meio de choques, provocar apenas percepção dolorosa. Por esse motivo, novos profissionais foram contratados, formando equipes multidisciplinares: médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais; Início do processo de ressocialização dos pacientes de longas internações, com estratégias de reinserção que visam prover a saída dos internos e seu consequente “retorno à sociedade”; Criação do Centro de Reabilitação e Integração Social (CRIS) – espaço destinado a acolher os pacientes que não possuíam mais indicação de internação hospitalar, mas precisavam ser reabilitados para o trabalho a fim de que fossem efetivamente integrados à sociedade; Implementação do “Bolsa Etapa” – programa que oferece remuneração aos pacientes que realizam atividades laborativas dentro ou fora da CJM. São estipulados três diferentes valores que variam de acordo com o grau de ressocialização (etapas) conquistado pelo paciente. A ação visa alterar o quadro de dependência institucional e a relação simbólica que os pacientes mantêm com a CJM.
https://docvirt.com/docreader.net/hemeroradis/68583
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1982
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Criação do Museu Nise da Silveira na CJM. Inauguração do Hospital Jurandyr Manfredini, destinado a receber novas internações de curta permanência; Criação da Coordenadoria de Educação e Pesquisa da Colônia Juliano Moreira – COEP.
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1986
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Criação da associação de funcionários da Colônia Juliano Moreira. Começo da luta para ampliar a participação dos funcionários na gestão da instituição.
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1987
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Empossamento do primeiro diretor eleito pelos funcionários na Colônia Juliano Moreira: Dr. Cléscio Maria Gouvêia, que incorporou o direito dos funcionários de opinarem pelos rumos da instituição; Realização da I Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM), no Rio de Janeiro, com o lema “Por Uma Sociedade Sem Manicômios”, preconizando a prioridade de investimentos nos serviços extra-hospitalares e multiprofissionais.
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https://youtu.be/lfthcmFmv6E?si=OH89AIDmoqMP-goP |
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1988
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Intervenção militar na CJM. O Ministério da Saúde exonera o diretor e envia um interventor para ocupar seu lugar. Tropas do exército ocupam a instituição e um tanque de guerra é posicionado no portão de entrada da Colônia. Os funcionários resistem à ocupação e, após extensa negociação, o diretor é reconduzido ao cargo.
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Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4
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Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4
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Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4
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Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4
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1989
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Apresentação, ao Congresso Nacional, do Projeto de Lei n. 3.657/89 – Lei da Saúde Mental – do deputado Paulo Delgado, que propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país.
1989 09 02 Apresentação, na Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei 3.657/89, de autoria do Deputado Paulo Delgado
https://laps.ensp.fiocruz.br/linha-do-tempo/64
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1991
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Início da primeira turma de residência médica em psiquiatria da CJM.
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1992
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Criação da Associação dos Parentes e Amigos dos Pacientes da Colônia Juliano Moreira (Apacojum).
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1995
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Municipalização das terras da CJM que passa a se chamar Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (IMASJM); Criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), na cidade – Caps Rubens Correa, em Irajá. Modelo de atendimento comunitário territorial de cuidado em saúde mental substitutivo ao modelo de atendimento hospitalar.
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1997
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Início do programa “Lares de Acolhimento” – remodelação dos Núcleos do IMASJM que tem como objetivo transformar estrutura dos pavilhões em lares, para preservar a individualidade e a intimidade de seus usuários.
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1998
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Criação do Caps Bispo do Rosário, no IMASJM.
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2000
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Início do Programa Residencial Terapêutico (PRT) do IMASJM, marcado pela saída do primeiro grupo de oito pacientes da instituição que foram em uma casa na comunidade; Mudança do nome do Museu Nise da Silveira para Museu Bispo do Rosário. Criação da primeira turma de residência multiprofissional em saúde mental no IMASJM.
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2001
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Criação do “Clube de Lazer” – programa de lazer assistido para os usuários de saúde mental do IMASJM; Aprovação da Lei 10.216, em abril de 2001, que regulamenta a rede de atenção psicossocial, em detrimento do modelo hospitalocêntrico, e consolida a Reforma Psiquiátrica como política oficial do Governo Federal, ocasionando a redução progressiva dos leitos psiquiátricos existentes.
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2002
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Adição de Arte Contemporânea ao nome do museu.
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2003
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Instituição da Lei nº 10.708, de 31 de julho, que cria o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes acometidos de transtornos mentais egressos de internações. Foi batizado de auxílio “De Volta Para Casa, sob coordenação do Ministério da Saúde.
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Pavilhão Nossa Senhora dos Remédios / 2004 |
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2009
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Início do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas terras da Colônia.
Foram entregues o Centro de Convivência Pedra Branca, equipamento voltado ao apoio à reabilitação psicossocial e integração comunitária através do lazer e da arte, e ampliado o número de leitos do Hospital JurandyrManfredini (de 55 para 80 leitos). A Secretaria Municipal de Saúde também investiu no setor de Recursos Humanos e na qualificação da hotelaria de cinco pavilhões do Instituto Municipal Juliano Moreira, para apoio às ações de desinstitucionalização psiquiátrica da Superintendência de Saúde Mental. Além disso, no Fiocruz Mata Atlântica, funciona uma unidade avançada do Centro Municipal e Saúde (CMS) Curicica, com uma equipe de Saúde da Família.
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2010
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Na área de Educação, além da Escola Municipal Juliano Moreira, que já existia, a Colônia ganhou os Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI) Dra. Zilda Arns
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2011
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Ampliação do projeto Clube de Lazer do IMAS que passa a se chamar Centro de Convivência Pedra Branca.
Colônia ganhou os Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI) Arthur Bispo do Rosário
Centro de Convivência Pedra Branca.
Centro de Convivência Pedra Branca.
(EDI) Arthur Bispo do Rosário
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2012
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Inauguração do condomínio Stela do Patrocínio, fruto da parceria com o Programa de Aceleração do Crescimento que recebe 80 pacientes provenientes dos antigos núcleos da CJM.
https://saudementalrj.blogspot.com/2012/05/vila-residencial-estela-do-patrocinio.html
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2013
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Inauguração do Centro de Atenção Psicossocial para tratamento de usuários com transtornos em decorrência do uso de álcool, crack e outras drogas. O CAPSad Antonio Carlos Mussum é a primeira unidade de acolhimento adulto (UAA) para abrigar dependentes químicos no IMAS; Início da nova gestão no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea com a missão de se relacionar com seu entorno e se apresentar como um dispositivo cultural potente para a Zona Oeste e para a integração da cidade.
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2015
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Criação do Polo Experimental de Convivência, Educação e Cultura – espaço que reúne todas as atividades culturais e de geração de renda do IMASJM: a Escola Livre de Artes – ELA, o Atelier Gaia, a Residência Artística – Casa B, o Programa de Lazer Pedra Branca e o Programa de Geração de Renda Arte Horta &Cia; Implementação do Circuito Cultural Colônia no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea que, a partir do conceito de Museu Expandido, incorpora os elementos arquitetônicos, históricos e culturais que compõem o território da Colônia Juliano Moreira como espaços de visitação, reconhecimento e valorização da memória social deste lugar.
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2022
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Fechamento do Hospital Municipal Jurandyr Manfredini
2022 07 21
Hoje comunicamos oficialmente que as gestões da SSM , IMAS JM e HJM fecharam o Hospital Municipal Jurandyr Manfredini, que fica localizado no maior parque manicomial da América Latina, a Colônia Juliano Moreira, situado no bairro da Taquara/Jacarepaguá.
Apesar de ter nascido na década de 80, o Jurandyr Manfredini, não foi poupado da marca manicomial intrínseca de todo hospital psiquiátrico: a exclusão e o sofrimento.
A ressignificação desse espaço, além de urgente, é um marco para o sub bairro da Colônia, uma das regiões mais vulneráveis de Jacarepaguá.
Hoje exaltamos umas das mais importantes ações do ano, pois não há nada mais gratificante do que assistir um hospital psiquiátrico, símbolo de sofrimento e desumanidade, se transformar em Clínica da Família, onde sua principal função será a de levar saúde e qualidade de vida para o território.
Parabéns a todos os envolvidos nessa gigante empreitada!
Hoje a Luta Antimanicomial celebra mais uma vitória em direção a um Brasil sem manicômios !
VIVA A LUTA ANTIMANICOMIAL!
VIVA O SUS!
VIVA A LIBERDADE!
Núcleo Assistencial Franco Da Rocha
No dia de 27 de Outubro do ano de 2022 os últimos portões do manicômio na Colônia Juliano Moreira foram fechados por duas pessoas que sentiram na pele os horrores dos antigos hospitais psiquiátricos. O bloco Império Colonial conduziu os participantes em um cortejo para Patrícia Ruth e Dirce, nossa porta - bandeira, trancar o Núcleo Assistencial Franco da Rocha e jogar a chave fora!
Contamos com a homenagem aos profissionais de saúde que fizeram essa ação possível, os médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, cuidadores, acompanhantes terapêuticos, psicólogos, gestores, assistentes sociais, nutricionistas, farmacêuticos, aos CAPS, residências terapêuticas, clínicas da família e toda a equipe IMAS - JM.
O fechamento do Núcleo Franco da Rocha se tornou um marco histórico, decretamos o fim das internações de longa permanência na Cidade do Rio de Janeiro, 98 anos após sua inauguração, municipalizado em 1996.
Os últimos usuários dos serviços de saúde mental foram desinstitucionalizados, voltando para as casas de suas famílias ou se tornando moradores das residências terapêuticas (RTs), onde são cuidados em liberdade, acompanhadas pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em toda a cidade.
Vale reforçar o apoio do Superintendente de saúde mental Dr. Hugo Fagundes, da Subsecretaria Tereza Vannucci e do Secretário de Saúde Daniel Soranz.
Todo muro cairá.
Continuamos lutando por uma sociedade democrática e sem manicômios.
Nenhum passo atrás!
Manicômio nunca mais!
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Foi com muita emoção e entusiasmo que a artista plástica Patricia Ruth, de 69 anos, ex-interna do Instituto Municipal de Assistência à Saúde (IMAS) Juliano Moreira, fechou o portão do Núcleo Franco da Rocha — o último da antiga colônia a ser desativado – e jogou a chave fora. O ato simbólico marcou o encerramento, nesta quinta-feira (27/10), das atividades de internação na unidade, localizada na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste. Com isso, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio) conclui o processo de desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos na cidade, um marco da luta antimanicomial e contra o estigma da loucura no país.
– Eu sou uma sobrevivente. Sofri, chorei, mas estou aqui para o que der e vier. Paraquedas (lençol usado para amarrar usuários) nunca mais. Comida na bandeja nunca mais. Hoje eu moro em uma casinha simples aqui perto, que comprei com o dinheiro da minha arte, mas agora eu sou vista, vivo a minha vida, meu mundo ganhou cor – disse Patricia, que foi internada nos anos 70, aos 16 anos, e chegou a viver sete anos no Franco da Rocha.
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artista plástica Patricia Ruth, de 69 anos, ex-interna do Instituto Municipal de Assistência à Saúde (IMAS) Juliano Moreira, fechou o portão do Núcleo Franco da Rocha |
Conhecido pelo antigo nome de Colônia Juliano Moreira, o complexo psiquiátrico chegou a abrigar, em seu auge, 5.300 internos em seus 79 hospitais e pavilhões, desativados gradativamente ao longo dos anos. Assim como outros imóveis do antigo hospício municipalizado em 1996, que foram transformados, por exemplo, em unidades municipais de saúde e habitacionais, a Prefeitura do Rio já estuda nova finalidade para o último pavilhão fechado, que deverá abrigar projeto inovador de saúde mental.
A cerimônia de encerramento das atividades de internação do Instituto Juliano Moreira contou com homenagens a funcionários e ex-funcionários da unidade, apresentação de jogral e cortejo do Bloco Império Colonial, formado por ex-internos.
– Não tem como a gente não se emocionar. Eu entrei na Secretaria Municipal de Saúde como subsecretário de Atenção Primária e nunca imaginei que viveríamos o que estamos vivendo aqui hoje. Este é um marco na história da cidade do Rio de Janeiro, é um marco na história da saúde mental do município, do estado e certamente na saúde mental do Brasil – afirmou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.
Superintendente de Saúde Mental da SMS-Rio, o psiquiatra Hugo Fagundes também destacou a importância histórica da data.
– Com o fechamento desse último núcleo, de fato, conseguimos criar um Rio sem manicômios e isso é muito importante. A população, hoje, consegue entender que lugar de “louco” não é no hospício. Lugar de humanos é na sociedade, e a gente precisa cuidar desses pacientes com toda diversidade, com toda riqueza humana em sua multiplicidade de cores, de origens, de culturas, de gêneros, de experiências de vida. As pessoas se empobrecem em locais de confinamento, são locais de muito sofrimento.
Cidadania
Para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os usuários pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico. A mudança visa o resgate da cidadania e da identidade de pessoas como Marcelo Pereira da Fonseca, de 51 anos, e José Edmilson Ferreira dos Santos, de 54, os últimos pacientes a terem alta do Franco da Rocha, na última sexta-feira (21/10). Recebidos com muitas boas-vindas na nova casa, na Ilha do Governador, pela equipe do CAPS II Ernesto Nazareth, agora eles podem desfrutar do cuidado em liberdade.
– Agora eles vão poder viver. Vão poder dizer o que querem comer, escolher o que fazer, ser eles. Coisas que podem parecer muito simples, mas são gigantescas para eles. Fico muito emocionado em participar disso – descreveu o cuidador plantonista Leandro do Nascimento Pinto, de 35 anos.
Reinseridos no território, os moradores continuam recebendo todo o suporte de profissionais da rede, como psicólogos e assistentes sociais vinculados aos CAPS, sempre em busca de atividades terapêuticas que ampliem a sua autonomia e socialização, além de cobertura da estratégia de saúde da família para cuidado clínico. Atualmente, a rede municipal de Atenção Psicossocial é formada por 33 CAPS e 97 residências terapêuticas distribuídas pela cidade, com 546 pessoas vivendo nelas, além de unidades de acolhimento adulto (UAA) e centros de convivência. Para pacientes com quadro agudo, há leitos disponíveis na rede de urgência, em hospitais gerais e no Instituto Philippe Pinel, em Botafogo, onde eles poderão ser cuidados até terem condição de alta.
Bolsa Rio
O município do Rio também comemora, neste ano, os 20 anos da Bolsa Rio (Bolsa Incentivo à Desinstitucionalização), essencial ao suporte para a desinstitucionalização dos pacientes. O benefício pago pela Prefeitura do Rio é de dois salários mínimos mensais para pacientes que retornam ao convívio familiar, e de um salário mínimo para aqueles que ingressam em serviços residenciais terapêuticos.
História e ressignificação do espaço
Inaugurada há 98 anos, em antigas terras coloniais do engenho de cana e fubá, a antiga colônia recebeu em 1935 o nome de seu idealizador, o médico psiquiatra Juliano Moreira, fundador da disciplina de Psiquiatria no Brasil. Ao longo dos anos, com a redução gradativa no número de internos, muitos imóveis do antigo complexo foram transformados em unidades municipais de saúde e de assistência social, entre elas um hospital de clínica médica, clínica da família, CAPS e residência terapêutica de alta complexidade, além de unidades habitacionais e de ensino. Com o crescimento populacional na área, hoje ela é conhecida como o sub-bairro Colônia (Jacarepaguá). Na sede do Instituto Juliano Moreira funciona ainda hoje o Museu Bispo do Rosário, que homenageia um de seus internos mais famosos. Além de obras de arte, estão expostos equipamentos de eletrochoque e de lobotomia e fotografias de época, que rememoram os horrores da estratégia manicomial.
https://prefeitura.rio/saude/instituto-juliano-moreira-ultimo-manicomio-carioca-encerra-suas-atividades/
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FOTOGRAFIAS DO QUE RESTOU DO ANTIGO ENGENHO NOVO
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Antigo Pavilhão no Centro Histórico
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Refeitório
Sede do Engenho Novo
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Chafariz
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Igreja Nossa Senhora dos Remédios
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Arco dos Teles
ou
Aqueduto dos Psicopatas
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30 - Núcleo Franco da Rocha (NFR) - Casa das Rosas (vista frontal) |
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31 - Núcleo Franco da Rocha (NFR) - Pavilhões em ruínas.
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32 - Núcleo Franco da Rocha (NFR) - Administração. |
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33 - Núcleo Franco da Rocha (NFR) - Pavilhão Pacatuba. |
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34 - Núcleo Franco da Rocha (NFR) - Pavilhões. |
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35- Núcleo Franco da Rocha (NFR) - Galpão de trabalho (terapias) |
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36 - Núcleo Franco da Rocha (NFR) - Galpão de Praxiterapia |
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37 - Núcleo Ulisses Viana (NUV) - Unidade
asilar masculina composta de 17 edificações
principais (pavilhões, área administrativa e
apoio) |
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38 - Núcleo Ulisses Viana (NUV) - Pavilhão 1 –
sede administrativa (fundos) |
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39 - Núcleo Ulisses Viana (NUV) - Galpão 1. |
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40 - Núcleo Ulisses Viana (NUV) - Pavilhão 2 - ruínas. |
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41- Núcleo Ulisses Viana (NUV) - Pavilhão 3. |
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42 - NUV - Pavilhão 4 |
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43 - NUV - Pavilhão 5. |
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44 - NUV - Pavilhão 6. |
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45 - NUV - Pavilhão 7 |
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46 - NUV - Pavilhão 8 |
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47 - NUV - Pavilhão 9. |
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48 - NUV - Pavilhão 10 - Ao fundo, horta
com produção para consumo dos
pacientes |
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49 - NUV - Pavilhão 10 - Onde viveu
Arthur Bispo do Rosário. |
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50 - NUV - Pavilhão 11. |
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51 - Hospital Municipal Jurandyr
Manfredini - Entrada principal. |
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52 - Hospital Municipal Jurandyr
Manfredini - Pronto-socorro psiquiátrico |
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53 - Pavilhão Ulisses Pernambucano (Faixa
Azul) - Invasão |
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54 - Pavilhão Ulisses Pernambucano (Faixa
Azul) - Quadras |
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55 - Pavilhão Ulisses Pernambucano
(Faixa Azul) - Invasão. |
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56 - Pavilhão Ulisses Pernambucano (Faixa
Azul) - Invasão. |
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57 - Pavilhão Ulisses Pernambucano (Faixa
Azul) - Invasão |
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58 - Pavilhão Ulisses Pernambucano (Faixa
Azul) - Invasão |
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59 - Escola Municipal Juliano Moreira
(antiga Escola Adib Jabour) - Sob a
responsabilidade da Secretaria Municipal
de Educação |
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60 - Lar Abrigado para pacientes (Antiga
Casa do Diretor) |
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61 - Clube Atlético Colônia.
Núcleo Histórico Rodrigues Caldas (NRC) Caracterizado como área histórico-cultural,
foi tombado pelo InEPAC e Iphan. |
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62 - Pórtico principal. |
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63 - NRC - A igreja Nossa Senhora dos
Remédios é um projeto neo-clássico do
arquiteto da Casa Imperial, Theodoro
Marx, e foi inaugurada em 1892. A torre
foi construída em madeira e é rodeada
com um terraço de balaustrada de cantaria
e tijolo. A data da última obra de
conservação foi em 1972. |
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64 - NRC - Pavilhão Carolina Medrado
(antiga sede da fazenda do Engenho Novo)
- Desativado. Tem uma área construída de
900 m2 e um prédio anexo que hoje se
encontra ocupado por servidores. A
varanda de estrutura metálica, incorporada
a uma das fachadas laterais, está em
precaríssimas condições de conservação.
Nesse prédio funcionava o centro médicoadministrativo, por sua localização central
em relação aos pavilhões. |
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65 - NRC - Lavanderia, localizada em uma
das extremidades do Pavilhão Carolina
Medrado |
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66 - NRC - Área contígua ao Pavilhão
Carolina Medrado. Funciona como lar
abrigado. |
Neste largo, com jardim e árvores
frutíferas, está instalada a fonte com
bebedouro e a pequena capela,
edificações da época anterior ao Engenho
Novo, quando ainda era o Engenho Nossa
Senhora dos Remédios
 |
67 - NRC - Bebedouro |
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68 - NRC - Antiga Capela (atual cantina) |
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69 - NRC - Antigo Refeitório (em ruínas). |
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70 - NRC - Coreto da Praça |
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71 - NRC - Pavilhão 1 (desativado). Futura
sede do Museu Bispo do Rosário |
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72 - NRC - Pavilhão 1 (desativado). Futura
sede do Museu Bispo do Rosário |
 |
73 - NRC - Setor de manutenção (antiga
casa de farinha, silo e depósito, da época
da fazenda do Engenho Novo). |
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74 - NRC - Aqueduto. Está situado no
núcleo original da fazenda, em frente à
Igreja e à antiga Casa da Fazenda. Foi
construído na metade do séc. XVIII,
servindo de condutor das águas das
nascentes, para o funcionamento do
moinho de fubá e para abastecer os
engenhos de cana da região. É composto
de oito arcos de plena volta sob pilares.
Um dos arcos já não existe mais |
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75 - NRC - Pavilhão 2 - Abrigo de
pacientes. |
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76 - NRC - Pavilhão 3 - Administração |
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77 - NRC - Pavilhão 5 - Pavilhão asilar. |
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78 - NRC - Pavilhão 6 - Atual refeitório.
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79 - NRC - Pavilhão 7. |
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80 - NRC - Chafariz. |
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81 - NRC - Pavilhão 11 - Pavilhão asilar |
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82 - NRC - Setor de transporte
Setor 2A Prefeitura-RJ |
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83 - Hospital Raphael de Paula Souza
(HRPS). |
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84 - HRPS - Associação dos hipertensos e
diabéticos |
Setor 5
Funasa
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85 - Fundação Nacional de Saúde - Centro
de Referência Professor Hélio Fraga
(CRPHF). Unidade médica composta por
sete edificações principais |
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86 - CRPHF - Prédio de apoio. |
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87 - CRPHF - Prédio Setor Administrativo |
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88 - CRPHF - Laboratório |
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89 - CRPHF - Creche |
Edificações funcionais residenciais
Setor 2
Prefeitura-RJ
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90 - Ladeira Bela Vista - Antiga Casa do
Administrador |
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91 - Rua Sampaio Correia.
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92 - Rua Adauto Botelho |
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93 - Avenida Franco da Rocha
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94 - Avenida Franco da Rocha
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95 - Estrada Rodrigues Calda
Setor 2A Prefeitura-RJ |
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96 - Hospital Raphael de Paula Souza - Residências
|
Invasões residenciais
Setor 1
Fiocruz
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97 - Rua Caminho da Cachoeira.
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98 - Rua Caminho da Cachoeira.
Setor 2 Prefeitura-RJ |
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103 - Rua Nossa Senhora de Fátima
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Invasões Residenciais Extramuros
Setor 3
Prefeitura-RJ
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104 - Comunidade Parque Dois Irmãos |
Invasões Comerciais Setor 2
Prefeitura-RJ
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105 - Rua Adauto Botelho. |
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106 - Rua Sampaio Correia. |
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107 - Apiário |
Setor 3 Prefeitura-RJ
 |
108 - Rua Nossa Senhora de Fátima |
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NÚCLEO JULIANO MOREIRA 1934/1945/2024
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